vendredi 7 février 2014

As chaves…

Os olhos dela já nao encontram mais os dele.
Para isso é preciso que ela se deite e feche os seus.
Ela pede em prece que em sonhos voe
e que voando possa chegar pelo menos próxima a sua sombra.
Ele nao emite mais sinais vitais.
Ele finque ignorar as perguntas diretas que ela atira ao vento.
Erra o alvo e parte pro lado oposto.
Os anos passam e ele nao passa nunca
pela mesma calçada em que ela sempre lhe espera.
Quando visita os bancos das igrejas e neles procura algum indicio de que ele la esteve,
volta sempre com maos e esperanças vazias.
Ela fragiliza o verbo quando toca em seu nome.
E em seu olhar, nota-se o vazio da incompreensão.
Os riscos do tempo em seu rosto
e as marcas passadas em sua pele sao as ultimas testemunhas
dos caminhos tortuosos que ela percorreu a procura dele.
Visitando terras distantes em portos abandonados, mares gelados, ventos uivantes.
Ela gritou seu nome e o eco respondeu um milhão de vezes
que os fragmentos dele la nao estavam.
Ela mergulhou no silencio das noites trovosas e frias
esperando com isso que o nome dele surgisse no clarão dos raios.
Nada.
E esse nada veio se aproximando e de mansinho
entrou pela ponta dos seus dedos longos, percorrendo as veias dos pulsos, subindo pelos braços finos, passando por seus ombros pesados e dali descendo para o que um dia nomeou-se coração.
Esse músculo agora inerte jaz nesse peito que ela nem lembra ter.
Ela subiu escadas e orou em templos.
Ela baixou os olhos e sussurrou seu nome
pensando que depois de tantos gritos, isso talvez fosse o caminho pra te-lo de volta.
Ele guarda o silencio nos lábios e também nos olhos.
Olhos esses que ha muito tempo ela deixou de encontrar.
Ela seca a lagrima discreta no canto do olho esquerdo.
o nariz levemente entupido, um resfriado de espirito.
Um espirito resfriado pela silencio dele.
Onde mais poderia ela procura-lo?
Os sapatos nao seguram mais os pés.
As pernas infinitamente longas rodopiam e se batem contra o tempo e o espaço.
Onde?
o vazio é o caminho percorrido
O nada é que segura hoje as suas maos.
Ela ainda tentou penetrar seu pequeno universo na esperança de la descobri-lo.
Ele?
Ele cobre os ouvidos
Ele esconde o choro
Ele desiste de quere-la.
Ele sempre soube e mesmo negando nao conseguiu esquecer.
Ele foi ele era ele é
um amor que enfrentou tantas vidas nao deveria morrer agora.
Mas parte solitario
Vai sem olhar pra tras.
Ela fica em pé em frente a porta
segura
as chaves dele
no rosto um ultimo beijo
no peito o gelo polar.