samedi 14 mars 2015

A PARTIDA



Mas a gente sempre soube que um dia chegaria ao fim.

As estradas se cruzaram, se uniram, se enroscaram.
As vidas se juntaram, se afastaram, se perderam no meio desse caminho.
E entre idas e vindas por sobre o oceano,
Chegou finalmente o dia de uma ida sem volta.
Passagem somente de ida...
Ainda assim não consegui segurar o choro e romper os laços sem que a dor acabe por consumir meu peito.
Entre os livros, os filmes, os pelos de gatos.
Entre os altos e baixos, as viagens, as paisagens, a ética, nossos valores.
Fomos nos perdendo lentamente e o rio turvo escureceu nossos olhos.
Fizemos planos não cumpridos, desejos despedaçados, desencontros.
Nos perdemos nessa estrada que por um bom momento acreditamos ser a nossa.
Foi-se o tempo em que nossos olhos sorriam ao se encontrarem.
Agora a dor e desconforto tomam conta da retina.
Num desatino dou meu ultimo golpe.
Chego tufão e pego meus panos, meus passos e voo.
Desaparecer não é bem o que mais aprecio mas é o que me parece mais justo fazer agora.

E la fora ou aqui dentro?

Que importa?
Quem se importa o que sobrou de nos?
Não vale nada além da lembrança nas paginas amarelas das cartas, dos selos do outro lado do mar.
Dos olhos felinos que te verão todos os dias e dos miados chorosos
isso sim, doi mais do que tudo ter que deixar pra trás...